Insonia: o sintoma de algo maior
- Psicólogo Rafael Lourenço

- 24 de set.
- 12 min de leitura
Atualizado: 16 de out.
Imagine deitar-se à noite depois de um dia cansativo. O corpo pede descanso, mas a mente parece não ter recebido o mesmo aviso. Você se revira, olha o relógio, tenta achar uma posição confortável, mas o sono simplesmente não vem. Quanto mais o tempo passa, mais cresce a angústia — e a sensação de que algo está errado.
Para muita gente, essa cena não é exceção, é rotina. A insônia chega silenciosa, muitas vezes disfarçada de “fase ruim”, e quando percebemos, o simples ato de dormir — algo que deveria ser natural — se transforma em uma luta diária contra os próprios pensamentos.
Mas aqui está a questão central: a insônia nunca é igual para todo mundo. Ela pode ter várias causas, e é justamente aí que está o ponto crucial para ter o tratamento certo: a sua insônia pode não ser igual a de outras pessoas, logo, pode não melhorar com as mesmas estratégias que elas usam.
O que é a Insônia?

A insônia é um distúrbio persistente do sono caracterizado por:
Dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial).
Dificuldade para manter o sono, com despertares frequentes (insônia de manutenção).
Acordar muito cedo e não conseguir voltar a dormir (insônia terminal).
Ela só é considerada um transtorno quando ocorre pelo menos três vezes por semana, por três meses ou mais, causando sofrimento significativo e prejuízo no funcionamento diário.
É importante lembrar: não é apenas “uma noite ruim de sono”. Trata-se de uma condição clínica, que precisa ser avaliada para que a verdadeira causa seja descoberta e tratada da forma correta.
Sintomas: Muito Além da Noite Mal Dormida
A insônia não se manifesta apenas pela dificuldade em pegar no sono à noite. Os sintomas podem variar e afetar diferentes aspectos da vida cotidiana, inclusive durante o dia.
Durante a noite:
Dificuldade para adormecer: A pessoa sente cansaço, mas a mente continua ativa e preocupada, impedindo o relaxamento necessário para dormir.
Acordar no meio da noite e não conseguir voltar a dormir: Muitas vezes, os insones acordam de madrugada e passam horas tentando dormir novamente, sem sucesso.
Despertar muito cedo: Algumas pessoas acordam muito antes do horário desejado e não conseguem mais pregar os olhos, sentindo-se esgotadas durante o dia.
Sono leve ou não reparador: As pessoas dormem, geralmente por várias horas, mas não se sentem descansadas quando acordam, parecendo que nada dormiram ou dormiram muito pouco.
Durante o dia:

Dificuldade de concentração e lapsos de memória: Muitas pessoas relatam esquecimentos frequentes, falta de foco e dificuldade para tomar decisões simples.
Sensação de cansaço e sonolência excessiva: Mesmo após várias horas de sono, a pessoa não se sente descansada e tem dificuldades para enfrentar as tarefas do dia, no trabalho, nos estudos e nas atividades
Dores no corpo e na cabeça: Noites mal dormidas podem causar dores musculares e cefaleias frequentes.
Irritabilidade e instabilidade emocional: A privação do sono afeta o humor e pode levar a explosões de raiva, impaciência e até sintomas depressivos.
Queda de produtividade e comprometimento das relações sociais e profissionais, com sensação de exaustão constante e frustração.
Maior risco de acidentes devido à atenção e reflexos prejudicados.
Maior risco a desenvolver hipertensão (pressão alta), disfunções hormonais e metabólicas.
Se você reconhece esses sintomas na sua vida, faça uma consulta, entenda melhor a causa da SUA insônia e o melhor tratamento para a sua dificuldade de sono.
Insônia, o sintoma de algo maior
Tenha uma coisa em mente: a insônia não tem uma causa única. Muitas vezes, é o sintoma de algo maior acontecendo.
Algumas causas frequentes incluem:

Transtornos de ansiedade (TAG, pânico).
Transtornos de humor (depressão, bipolaridade).
Estresse elevado e sobrecarga mental.
Dores crônicas e neuropáticas.
Problemas médicos (apneia do sono, hipertireoidismo, refluxo).
Alterações hormonais (como menopausa ou envelhecimento).
O sono é sim reflexo direto do nosso estado emocional. Quando vivemos sob estresse, ansiedade ou preocupações constantes, o cérebro permanece em “modo de sobrevivência”, mesmo durante a noite.
É como se o corpo estivesse deitado, mas a mente ainda estivesse em pé — resolvendo problemas, revendo conversas, antecipando o dia seguinte.
Além disso, fatores como o uso excessivo de telas, cafeína, preocupações financeiras, insegurança emocional ou até hábitos irregulares de sono podem alimentar esse ciclo. Quanto mais você tenta “forçar o sono”, mais ele escapa — e o medo de não conseguir dormir se transforma em combustível para mais uma noite em claro.
A primeira atitude para a melhora é olhar para o sono como um reflexo, e não como a causa.
Conheça a seguir algumas das principais causas de grande parte dos casos de insônia.
A Insônia decorrente da ansiedade e do TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada):
"Marina, 34 anos, sempre foi considerada responsável e dedicada. Trabalhava em uma empresa de médio porte e, ao mesmo tempo, cuidava da casa e da família. Nos últimos meses, começou a perceber que sua mente não parava nunca. Passava o dia preocupada com prazos no trabalho, com a saúde dos pais, com as contas que ainda nem tinham vencido e até com situações que talvez nunca fossem acontecer.
Mesmo quando estava em casa, em momentos que deveria relaxar, sua cabeça girava em torno de “e se…?”.

"E se eu perder o emprego?"
"E se alguém da família ficar doente?"
"E se eu não der conta de tudo?"
Essas preocupações vinham acompanhadas de uma sensação constante de tensão: músculos duros, respiração curta e uma irritabilidade aumentada.
Aos poucos, o cansaço começou a se acumular. Ela se sentia exausta, mas quando deitava para dormir, simplesmente não conseguia desligar. O sono vinha tarde, era leve e muitas vezes picado. No dia seguinte, acordava ainda mais cansada, com dificuldade de se concentrar no trabalho e uma ansiedade que só parecia aumentar.
Depois de algumas semanas nessa rotina, Marina percebeu que não conseguiria lidar sozinha. A ansiedade estava tomando conta do seu corpo, das suas emoções e agora até do seu sono."
A Insônia decorrente do Pânico
No caso do pânico, a insônia pode ser acompanhada de despertares súbitos, com palpitações e falta de ar, como se uma crise fosse acontecer a qualquer momento. O medo de ficar doente, passar mal, enlouquecer e morrer é muito frequente e pode levar a pessoa ao pronto atendimento médico.

"João tinha 34 anos quando começou a sentir, do nada, seu coração disparar, vinha uma sensação de sufoco e um medo intenso de perder o controle ou até de morrer. No início, as crises aconteciam durante o dia, no trabalho ou no trânsito. Mas logo o medo começou a invadir também as suas noites.
Toda vez que deitava para dormir, João ficava em alerta, com receio de ter outra crise. O simples ato de fechar os olhos se tornava um gatilho: ele prestava atenção em cada batida do coração, em cada respiração, temendo que algo ruim acontecesse enquanto dormia. Isso fazia com que demorasse tempo para pegar no sono.
Quando finalmente adormecia, muitas vezes acordava no meio da madrugada com a mesma sensação de estar passando mal, ofegante e suado. Quando voltava para a cama, sua mente não desligava.
O resultado era inevitável: dias arrastados, sem energia, com o corpo cansado e a cabeça confusa. A insônia, alimentada pelo pânico, passou a ser um segundo problema na vida de João — tão desgastante quanto as próprias crises.
A Insônia decorrente da Depressão

"Maria, 41 anos, sempre teve uma rotina cheia: trabalho, filhos e compromissos que enchiam seus dias.
Mas, depois de alguns meses enfrentando dificuldades pessoais, começou a sentir um peso constante no peito, uma tristeza que não passava. Aos poucos, percebeu que já não tinha vontade de fazer as coisas que antes gostava e que até tarefas simples pareciam pesadas demais. A vontade de ficar na cama era intensa, as vezes passava o dia na cama e anoite lutando contra a insônia.
À noite, o sono deixou de ser um refúgio. Em alguns dias, Maria deitava cedo, mas passava horas acordada, remoendo pensamentos negativos e preocupações. Em outros, conseguia dormir, mas despertava no meio da madrugada com uma angústia que a impedia de voltar a descansar. E havia ainda aquelas manhãs em que, mesmo dormindo mais de 10 horas, ela acordava exausta, sem energia para levantar da cama.
A depressão havia se infiltrado no sono de Maria, tirando dela o descanso que o corpo e a mente tanto precisavam. Com o tempo, ela percebeu que o problema não era apenas dormir mal — era a própria tristeza e desânimo que estavam moldando suas noites, transformando o sono em mais um reflexo da sua dor silenciosa.
A Insônia decorrente do Transtorno Bipolar
Já no transtorno bipolar, a insônia pode ser um dos primeiros sinais de uma fase de mania ou hipomania, em que a energia parece inesgotável, mesmo sem dormir.

"Carlos, 29 anos, sabia que seu humor variava muito, mas o que mais o desgastava era perceber como essas mudanças mexiam diretamente com o sono.
Nos períodos de euforia, Carlos quase não dormia. Ia para a cama tarde da noite, mas a mente continuava a mil, cheia de ideias e planos. Mesmo dormindo apenas duas ou três horas, acordava cedo, cheio de energia, como se não precisasse descansar. Só que essa energia, aparentemente positiva, logo se transformava em cansaço acumulado e em decisões impulsivas que ele depois se arrependia.
Já nas fases de depressão, o sono se tornava o oposto: pesado, arrastado. Carlos passava horas na cama, dormindo mais de 10 ou 12 horas por noite, e ainda assim levantava com dificuldade, sem ânimo e sem energia para enfrentar o dia. O que deveria ser reparador se tornava mais um sintoma da oscilação que o transtorno bipolar trazia para sua vida.
O sono, para Carlos, nunca foi apenas uma questão de descansar. Ele aprendeu, na prática, que suas noites eram um reflexo direto de como o transtorno bipolar se manifestava em cada fase.
A Insônia decorrente do Estresse Elevado
"Patrícia, 37 anos, sempre se considerou uma pessoa organizada. Mas nos últimos meses, com a pressão no trabalho e os problemas em casa, começou a sentir que estava vivendo em estado de alerta constante. No início, era apenas uma dificuldade em desligar a mente à noite, pensando em tarefas e responsabilidades. Custava a pegar no sono, mas ainda conseguia descansar algumas horas.

Com o tempo, as preocupações não davam trégua nem quando ela dormia. Patrícia acordava no meio da madrugada com o coração acelerado, lembrando de prazos e situações que precisava resolver. Entrou em um ciclo de resistência, tentando “aguentar firme” durante o dia, mesmo com poucas horas de sono.
Na fase seguinte, o cansaço começou a cobrar o preço. Durante o dia, ela se sentia esgotada, esquecia coisas simples e já não tinha a mesma disposição. À noite, a exaustão era tanta que seu corpo queria dormir, mas a mente continuava agitada, como se estivesse sempre em alerta.
O estresse elevado havia se transformado em insônia, mostrando claramente como o desgaste emocional podia invadir até o momento mais básico de recuperação do corpo: o sono.
A Insônia decorrente de dores crônicas ou neuropáticas

"Eliane, 46 anos, convivia há anos com dores na lombar. Durante o dia, conseguia disfarçar com pausas no trabalho e alguns analgésicos, mas quando a noite chegava, o problema ficava muito pior. Ao se deitar, parecia impossível encontrar uma posição confortável: virava de um lado, do outro, colocava travesseiros, mas sempre havia uma pressão ou fisgada que a impedia de relaxar.
Quando finalmente pegava no sono, não demorava muito para acordar de novo, interrompida pela dor que se intensificava durante a madrugada. Nessas horas, olhava para o relógio, sentia a ansiedade aumentar e pensava em como seria difícil enfrentar o dia seguinte sem descansar direito.
Com o tempo, a falta de sono começou a pesar tanto quanto a própria dor. Eliane vivia cansada, irritada e com dificuldade de concentração. A insônia, causada pela dor crônica, não era apenas consequência: havia se transformado em um novo problema, ampliando ainda mais o impacto que a dor já tinha em sua vida.
A Insônia decorrente de Alterações Hormonais
"Andréa, 39 anos, nunca tinha dado muita atenção à tireoide. Mas de uns tempos para cá começou a perceber mudanças estranhas no corpo e, principalmente, no sono. Em algumas fases, ela simplesmente não conseguia dormir: deitava cansada, mas ficava agitada, com o coração acelerado e a mente inquieta, como se estivesse em constante alerta. Mesmo quando adormecia, acordava várias vezes durante a noite, sem conseguir descansar.

Em outros períodos, o oposto acontecia. Andréa sentia um cansaço extremo e parecia que poderia passar o dia inteiro dormindo, mas, mesmo dormindo muitas horas seguidas, levantava sem energia, como se o sono não tivesse sido reparador. Essa montanha-russa deixava seu corpo cada vez mais exausto e sua mente confusa.
Depois de procurar ajuda, descobriu que os desequilíbrios da tireoide — ora acelerando, ora diminuindo seu metabolismo — estavam por trás dos seus problemas de sono. Entender essa relação foi um alívio: finalmente conseguiu enxergar que não era “preguiça” nem “nervosismo demais”, mas sim uma questão de saúde que precisava ser tratada.
A Insônia decorrente de Problemas Respiratórios
"Ricardo, 44 anos, nunca ligou muito para o fato de roncar à noite. A esposa comentava que o barulho era forte e constante, mas ele achava que isso não atrapalhava em nada seu descanso. Só que, com o tempo, começou a notar algo estranho: mesmo dormindo 7 ou 8 horas, acordava cansado, com dor de cabeça e uma sensação de que não tinha descansado nada.

Nas madrugadas, sua esposa percebia que ele parava de respirar por alguns segundos e depois retomava o ar com um suspiro forte. Ele não se lembrava desses momentos, mas durante o dia vivia sonolento, com dificuldade de concentração e até cochilando em situações inesperadas, como em reuniões de trabalho ou na frente do computador.
Aos poucos, Ricardo percebeu que o ronco e as pausas respiratórias não eram apenas um incômodo para quem dormia ao lado: estavam comprometendo de verdade a qualidade do seu sono e a sua saúde. A apneia estava roubando o descanso que seu corpo tanto precisava.
A Insônia decorrente de Problemas Digestivos

"Sílvia, 42 anos, sempre teve uma rotina corrida e acabava jantando tarde da noite. No começo, achava normal sentir um leve desconforto, mas com o tempo as coisas pioraram. Quando se deitava para dormir, vinha aquela queimação no peito, a sensação de ácido voltando pela garganta e a dificuldade para encontrar uma posição confortável.
Mesmo quando conseguia adormecer, não demorava muito para acordar com tosse ou com aquela sensação de sufoco causada pelo refluxo. Virava de lado, colocava mais travesseiros, mas nada parecia resolver. Na manhã seguinte, levantava cansada, com gosto amargo na boca e sem energia para enfrentar o dia.
Com o tempo, o refluxo não afetava apenas o estômago de Sílvia, mas também seu descanso, transformando a noite em mais uma batalha contra o desconforto. O sono, que deveria ser reparador, passou a ser fragmentado e insuficiente, aumentando ainda mais seu desgaste físico e emocional.
O Círculo Vicioso da Insonia
Independentemente da causa inicial, quase todos os pacientes acabam presos em um mesmo ciclo:
Causa da insônia não identificada e não tratada.
Uma noite ruim de sono.
Medo de que aconteça novamente.
Ansiedade ao deitar.
Nova dificuldade para dormir.
Mais preocupação no dia seguinte.
Noites de sono mal dormidas ...
Esse círculo só se rompe quando, além de tratar os sintomas, a causa, a raiz do problema é identificada. Entenda como agendando uma consulta e entendendo melhor como tratar sua dificuldade de sono.
Diagnóstico
O diagnóstico da insônia é clínico, feito por psicólogos ou médicos especializados, com base na frequência, duração, impacto do problema e possíveis causas.
Muitas pessoas passam anos tentando soluções caseiras ou remédios que só aliviam momentaneamente, mas não chegam à raiz. O passo que transforma é entender: “o que está causando a minha insônia?”. Clique aqui para fazer uma avaliação e tratar a causa da insônia.
A Importância da Avaliação Especializada

É aqui que muitas pessoas encontram clareza: em uma única consulta de avaliação com um especialista, geralmente em cerca de 60 minutos, já é possível mapear padrões de sono, sintomas associados e fatores emocionais ou médicos que podem estar na raiz da insônia. Esse processo ajuda o paciente a se aproximar da verdadeira causa do seu problema e direciona para o tratamento mais adequado.
Se você se identificou com o que leu aqui, saiba que existe solução. Uma avaliação e orientação especializada é o primeiro passo para quebrar o ciclo da insônia e recuperar noites tranquilas — e dias muito mais leves.
Tratamento da insônia
O tratamento mais eficaz, de acordo com a American Academy of Sleep Medicine, é a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I). Uma terapia de resultados rápidos, principalmente pelo tratamento estar dividido em 2 fases:
Fase 01. Avaliação e plano de tratamento (uma consulta)
Fase 02. Identificada a causa, existem diferentes formas de resolver cada uma.
Nem todas as terapias são iguais. No caso da consulta comigo, Rafael Lourenço de Camargo, são realizados tratamentos com começo, meio e fim. Já na sessão de avaliação o paciente tem acesso a informações importantes que ajudam a aumentar sua segurança e saber exatamente quais os próximos passos.
Por aqui, a partir de um questionário inicial com um resumo das informações do paciente é agendada uma consulta, onde entenderei melhor o caso, traçarei todos os fatores que serão avaliados melhor na consulta a fim de ser o mais preciso e rápido possível. Afinal de contas uma noite mal dormida é um tempo que não se recupera. Para maiores informações sobre a consulta, clique aqui.

Rafael Lourenço tem 17 anos como especialista clínico pelo Conselho Federal de Psicologia e Especialista em Terapias Cognitivo Comportamentais pelo Instituto Marilda Lipp de Controle de Estresse.
Já atendeu centenas de pacientes e supervisionou centenas de psicólogos em formação e especialização. Entre em contato e entenda como funciona o tratamento para Insônia.

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